Abordei o senhor
Nerci Ignácio de Moraes de 90 anos, um dos moradores mais antigos da localidade
do Retovado para que me relatasse como era essa localidade em anos passados.
Então em uma volta ao passado, ele me disse o seguinte:
Nossa localidade
era bem diferente do que vimos hoje, como o Retovado é bastante extenso territorialmente,
os próprios moradores subdividiram a localidade em Merecilda (perto do campo do
E.C. Oriente) e Capelinha (nos arredores da Comunidade Católica Menino Deus)
para melhor definirem o local de suas propriedades, até escolas municipais
existiam duas, a E. M. Duque de
Caxias na Merecilda e a E. M. Tobias
da Silva na Capelinha, ambas com um número bem reduzidode alunos.
A falta de luz
elétrica e a terrível Estrada do Inferno como até pouco tempo era chamada a BR 101,
eram os principais problemas da época, pois refletia-se no dia-a-dia de cada
morador.
Com a falta de luz
elétrica, a dificuldade de conservação dos alimentos era muito difícil, então as
pessoas acabavam limitando-se, utilizando alimentos menos perecíveis, mais
resistentes a ação do tempo. A comunicação com o resto do município também era
bastante complicada, os recados eram dados por pessoas a cavalo, eram poucos os
que possuíam um rádio a pilha. Quando a noite caia, a iluminação era vela e
candieiros.
A estrada de chão,
vezes coberta de lama vezes de areia solta, dificultava o deslocamento das pessoas
até a cidade, bem como o escoamento da safra de cebola que já era o principal
produto econômico da região.
Com todas as
dificuldades da época, o que não deixava de existir era a diversão, existiam vários
times de futebol, o E.C. Oriente, o E.C. Estrela, o E.C. Lutador Gaúcho, o E.C.
Idial, o E.C. Capelense e o E.C. Esportivo. A rivalidade sadia entre os
torcedores rendia quentes debates nas vendas à noite.
As festas
religiosas na Comunidade Menino Deus estendiam-se por 10 dias, as pessoas da localidade
e até mesmo de localidades vizinhas utilizavam varandas (pequenas casas de madeira)
que transportavam até o local da festa para passarem esses dias bem acomodados
e não perderem nenhum momento das festividades, formando um grade acampamento.
Os circos de
touradas, instalavam-se com freqüência na localidade, agitando os moradores. As
corridas de cavalo também eram bem atrativas nos finais de semana.
Um fato bem
interessante que me foi relatado também, foi a origem da Comunidade Menino Deus.
Antigamente,
quando falecia uma criança, a família escolhia um local na própria chácara para
sepultá-la. Certa vez, um menino foi sepultado e sua cova nunca secou, sempre
vertia água. Os moradores impressionados com o fato, começaram fazer orações e
acender velas ao redor da cova, com o passar do tempo, a devoção ao menino só
aumentou, então construíram uma capelinha de junco formando uma comunidade
religiosa e como não podia ser diferente, essa comunidade passou a se chamar
Menino Deus e até hoje no dia de Natal a comunidade celebra a festa em honra ao
Menino Deus.
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