segunda-feira, 8 de abril de 2013

RELATO DE MORADOR DO ENTORNO




    Abordei o senhor Nerci Ignácio de Moraes de 90 anos, um dos moradores mais antigos da localidade do Retovado para que me relatasse como era essa localidade em anos passados. Então em uma volta ao passado, ele me disse o seguinte:
    Nossa localidade era bem diferente do que vimos hoje, como o Retovado é bastante extenso territorialmente, os próprios moradores subdividiram a localidade em Merecilda (perto do campo do E.C. Oriente) e Capelinha (nos arredores da Comunidade Católica Menino Deus) para melhor definirem o local de suas propriedades, até escolas municipais existiam duas, a E. M. Duque de
Caxias na Merecilda e a E. M. Tobias da Silva na Capelinha, ambas com um número bem reduzidode alunos.
    A falta de luz elétrica e a terrível Estrada do Inferno como até pouco tempo era chamada a BR 101, eram os principais problemas da época, pois refletia-se no dia-a-dia de cada morador.
    Com a falta de luz elétrica, a dificuldade de conservação dos alimentos era muito difícil, então as pessoas acabavam limitando-se, utilizando alimentos menos perecíveis, mais resistentes a ação do tempo. A comunicação com o resto do município também era bastante complicada, os recados eram dados por pessoas a cavalo, eram poucos os que possuíam um rádio a pilha. Quando a noite caia, a iluminação era vela e candieiros.
    A estrada de chão, vezes coberta de lama vezes de areia solta, dificultava o deslocamento das pessoas até a cidade, bem como o escoamento da safra de cebola que já era o principal produto econômico da região.
    Com todas as dificuldades da época, o que não deixava de existir era a diversão, existiam vários times de futebol, o E.C. Oriente, o E.C. Estrela, o E.C. Lutador Gaúcho, o E.C. Idial, o E.C. Capelense e o E.C. Esportivo. A rivalidade sadia entre os torcedores rendia quentes debates nas vendas à noite.
    As festas religiosas na Comunidade Menino Deus estendiam-se por 10 dias, as pessoas da localidade e até mesmo de localidades vizinhas utilizavam varandas (pequenas casas de madeira) que transportavam até o local da festa para passarem esses dias bem acomodados e não perderem nenhum momento das festividades, formando um grade acampamento.
    Os circos de touradas, instalavam-se com freqüência na localidade, agitando os moradores. As corridas de cavalo também eram bem atrativas nos finais de semana.
    Um fato bem interessante que me foi relatado também, foi a origem da Comunidade Menino Deus.
    Antigamente, quando falecia uma criança, a família escolhia um local na própria chácara para sepultá-la. Certa vez, um menino foi sepultado e sua cova nunca secou, sempre vertia água. Os moradores impressionados com o fato, começaram fazer orações e acender velas ao redor da cova, com o passar do tempo, a devoção ao menino só aumentou, então construíram uma capelinha de junco formando uma comunidade religiosa e como não podia ser diferente, essa comunidade passou a se chamar Menino Deus e até hoje no dia de Natal a comunidade celebra a festa em honra ao Menino Deus.

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